quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Estrangeiro, Camus



O JLPeixoto não nos deixou em paz. O livro que escolhemos para o debate do mês seguinte por sugestão do Aggio, foi "O Estrangeiro" de Albert Camus. Com o meu acordo incondicional, já que era um dos livros da minha vida.
Talvez por isso...e para se vingar...escreveu sobre o que andava a fazer depois de ter lido certos livros franceses. ..até porque não terminámos a leitura nem o debate sobre "Uma casa na escuridão".
"Fui ver se os rapazes que jogavam à bola em frente à oficina do meu pai já tinham chegado. Fui na minha bicicleta azul. Nessa altura, a corrente saltava com muita frequência e sujava as mãos todas de óleo para voltar a colocá-la. Cada vez que acontecia, eu pensava que tinha de levá-la a alguém que a arranjasse definitivamente, a apertasse. Quando terminava de colocá-la, esquecia-me desse propósito e pensava que, desta vez iria ficar mais tempo sem saltar e, depois, quase milagre, iria arranjar-se sózinha. Os quase-milagres custam muito a acontecer...."

"Não vou dizer aquilo que fiz. tenho vergonha. Não devia ter, mas tenho. Eu tinha treze anos e estava sozinho no meu quarto. Toda a gente já fez aquilo que eu fiz naquele momento. Se alguém se levantar a dizer que não o fez, tenho pena dessa pessoa...Até podia contar aquilo que fiz depois daquilo que fiz imediatamente após concluir a leitura de "O Estrangeiro", de Camus, mas acredito que isso já não vos interesse tanto. Parece-me que gostariam de saber o que fiz logo depois de ler "O Estrangeiro", de Camus, afinal esse é o título e o pressuposto deste texto, mas isso não vou dizer."

JL Peixoto, "Verdades quase verdadeiras" in JL, 17-30 dezembro 2008

Sem comentários:

Enviar um comentário