quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

George Orwell "1984"

Depois de Huxley o idealista fomos buscar às prateleiras um escritor político e um pensador de importância. Mais uma vez nenhum de nós tinha livro o livro. A Hopes conhecia "Animal Farm" (O Triunfo dos porcos) e eu a "Homenagem à Catalunha".
"1984" é o big brother, um modelo de desenvolvimento, de um género familiar aos economistas e aos sociólogos, onde cada capítulo se encontra devidamente organizado, apresentado de uma forma lógica e estruturado como o "Leviathan" do Thomas Hobbes, a obra maior da filosofia política inglesa.
O regime no poder é de uma inteligência diabólica, uma síntese entre o estalinismo e o nazismo. "1984" está para o século XX como o "Leviathan" esteve para o século XVIII. Orwell vai escolher o romance e não um tratado filosófico para formular o conceito de totalitarismo e explicar que existiam elementos comuns saídos dos dois regimes supostamente antagónicos que se afrontavam na Europa.
Ele que tinha participado como combatente na famosa V Brigada dos voluntários internacionais que lutaram ao lado dos republicanos na guerra civil espanhola e conhecera de perto as guerras internas que tinham contribuído para o enfraquecimento e derrota da frente anti-franquista, nomeadamente as limpezas ideológicas que tinham levado o PCE à eliminação do POUM e dos Anarquistas.
Orwell foi aquilo que os professores de Oxford da altura classificaram de um espírito inconformista, rebelde e temerário. Apresentar as suas ideias sobre a forma de um romance teve a vantagem de atingir um maior número de leitores mas o inconveniente de lhe faltar alguma precisão e sobretudo a credibilidade dos meios académicos. Foi preciso esperar mais de 15 anos antes que Hannah Arendt publicasse "As origens do totalitarismo" (1951). Arendt não cita em nenhuma parte "1984", se bem que o livro antecipasse um bom número de conclusões a que ela chegou no seu enorme estudo.
"1984" foi talvez entendido como um testamento, quando o livro era mais do que uma profecia, uma antecipação do futuro e não apenas um terrível aviso. Mas isso seria confundir o jornalista e ensaista Eric Blair, com o escritor conhecido pelo nome de George Orwell.

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